Anafilaxia

A anafilaxia é a apresentação clínica mais grave das reações alérgicas agudas generalizadas.
Conceitualmente é definida como uma reação de hipersensibilidade sistêmica grave, caracterizada por um quadro clínico de início rápido com sintomas respiratórios, cardiocirculatórios e/ou digestivos, que na maioria das vezes está associado à alterações da pele e das mucosas, criticamente marcada pelo potencial de fatalidade.¹
Diversas publicações demonstram que anualmente podem ocorrer de 50 a 112 casos de anafilaxia a cada 100 mil pessoas, com uma prevalência bastante variada, de 0,3% a 5,1% da população, entre as mais diferentes regiões do mundo, sendo que na infância esteve evento é mais frequente, podendo ocorrer até 761 casos para cada 100 mil crianças. Outro dado alarmante diz que, entre os indivíduos que apresentaram um quadro de anafilaxia, 26,5% a 54% destes, podem apresentar mais de um episódio ao longo da vida, revelando ser uma condição necessária de vigilância clínica.¹
O quadro de anafilaxia pode ser desencadeado por diversos fatores, mas os principais gatilhos são: alimentos - principalmente entre as crianças; medicamentos - maior causa de fatalidade entre idosos; e veneno de picada de insetos. No entanto, há um número expressivo de casos em que não se consegue definir o fator desencadeante, sendo denominadas anafilaxias idiopáticas, mas que não diferem em importância do reconhecimento e do tratamento.²
O auxílio para um indivíduo que esteja em curso de uma anafilaxia, em seu cotidiano, consiste em garantir um ambiente seguro, remover o potencial gatilho desencadeante do quadro e solicitar atendimento de emergência, para ser adequadamente tratado. A medicação essencial para o tratamento da anafilaxia é a adrenalina, injetável intramuscular, por ser intervir no colapso cardiovascular do quadro. Ainda que no Brasil seja uma medicação de uso em serviços de saúde, em determinados casos, onde paciente e rede de apoio são devidamente treinados, este pode portar um dispositivo autoinjetor de adrenalina, para aplicação de dose assim que o quadro for devidamente reconhecido, aumentando as chances de sucesso no tratamento, mas sempre sendo necessária avaliação em ambiente de pronto atendimento médico.²
1- Cardona et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. World Allergy Organization Journal. v.13, n.10, 2020.
2- Turner et al. Emergency treatment of anaphylaxis: Guidelines for healthcare providers. Working Group of Resuscitation Council UK. Maio, 2021.